quarta-feira, 30 de março de 2016

Em meio à rusga de Neymar e Dunga, Seleção convive com críticas aos dois

neymar dunga brasil x japão (Foto: Getty Images)Neymar e Dunga já não se entendem como no início do trabalho, pós-Copa

Se craque e técnico não se entendem, ambos são alvos de reclamações dentro do grupo: um por sua postura e suas ausências, outro por decisões e pelo mau futebol. Há algo de estranho na seleção brasileira, e não é o futebol. Ou, pelo menos, não só o futebol. Fora de campo, peças fundamentais não se encaixam, e isso fica mais evidente a cada reunião do grupo. Os dois maiores exemplos desse “desencaixe”, hoje, estão no técnico e no capitão.

Além de falarem línguas diferentes um do outro,Neymar e Dunga enfrentam resistências, reprovações dentro da Seleção. São casos diferentes. Do atacante, se estranha o comportamento, a conduta de quem age como “dono do pedaço”, mas tem se ausentado de momentos importantes, algo que não se espera de quem usa a braçadeira e, portanto, é um dos líderes da equipe.

O posto de capitão, por sinal, está em xeque depois de mais uma suspensão por um cartão amarelo considerado evitável, assim como sua participação na Copa América Centenário, em junho, nos Estados Unidos. O interesse de ambas as partes – jogador e CBF – em negociar sua liberação com o Barcelona para esse torneio, sendo que a prioridade do ano é a busca pela inédita medalha de ouro nas Olimpíadas, já não é tão evidente como há algumas semanas, quando o atacante disse querer jogar as duas.

Sobre os ombros do técnico, coloca-se o peso de decisões difíceis, como deixar fora da Seleção os talentosos, porém complexos Thiago Silva e Marcelo, e também de os próprios jogadores não conseguirem repetir o futebol que os tornou badalados no cenário europeu. Quando trocam os mimos e aplausos recebidos nos clubes pelas críticas e cobranças no Brasil, muitos parecem não entender – e/ou não concordar – o argumento repetido insistentemente por Dunga, da falta de tempo para montar uma equipe capaz de agradar.

As reações aos empates com Uruguai e Paraguai – ambos 2 a 2 – deixaram claro que, enfim, o mau futebol e as oscilações começaram a irritar, acima de quaisquer outros, os jogadores.

– Temos que acordar e viver mais essa competição. Não é só na qualidade técnica que vamos conseguir ganhar os jogos. Temos que amadurecer. Muitos nunca jogaram nas eliminatórias antes, a última Copa em casa atrapalhou o amadurecimento desses jogadores. É uma competição diferente de qualquer outra. Temos que nos unir um pouco mais e jogarmos na base da garra – disparou Miranda, uma espécie de eco do que costuma dizer Dunga. 

O zagueiro teve atuação irregular no empate em Assunção, seu 22º jogo seguido como titular, mas ostentou a braçadeira de capitão que normalmente é de Neymar. Essa mudança pode vir a ser definitiva. Na comissão técnica e mesmo no estafe mais presente da CBF há uma insatisfação velada com as atitudes mais recentes do atacante.

Em novembro do ano passado, a presença de convidados VIPs de Neymar na concentração em Salvador, antes do jogo contra o Peru, causou incômodo. Dessa vez, o fato de o atacante ter se apresentado na segunda-feira à noite, enquanto seus companheiros de Barcelona de outras seleções – Suárez, Messi e Mascherano – chegaram à Argentina e ao Uruguai pela manhã, em tempo de treinarem à tarde, já não foi tão bem recebido.

A aparição pública do último sábado, se divertindo numa balada 24 horas depois de ter recebido o cartão amarelo que o suspendeu do duelo diante do Paraguai, num momento complicado da seleção brasileira, tampouco agradou. É a segunda “chance” que Dunga tem de lhe tirar a braçadeira de capitão. 

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