terça-feira, 22 de março de 2016

Teori abre inquérito sobre vazamento de delação da Carioca Engenharia

Advogados alegam que delação foi divulgada quanto ainda estava sob sigilo. Delatores citam à PGR propina para Eduardo Cunha e João Vaccari Neto.
O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu a um pedido da defesa dos executivos da Carioca Christiani Nielsen Engenharia – Ricardo Pernambuco Júnior e o pai dele, Ricardo Pernambuco – e determinou nesta terça-feira (22) a instauração de inquérito para apurar o vazamento da delação premiada dos dois na Operação Lava Jato.

Segundo os advogados, o material foi reproduzido em reportagem da revista "Época" em um momento no qual a delação estava sob sigilo. Na delação, os empresários acusam o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de ter cobrado e recebido propina.

Com base nessa delação, foi aberto inquérito sobre Cunha para apurar se ele solicitou e recebeu dinheiro ilícito do consórcio formado por Odebrecht, OAS e Carioca – que atuava na obra do Porto Maravilha – no montante de cerca de R$ 52 milhões.

Os recursos seriam vantagens indevidas pela aquisição de títulos da prefeitura do Rio de Janeiro pelo Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS). Segundo as investigações, Cunha era próximo do então vice-presidente da Caixa Fábio Cleto, que integrava o conselho curador do FGTS. O dinheiro do fundo seria utilizado para permitir as obras do porto.

Conforme os delatores, Cunha teria recebido propina no valor de 1,5% dos títulos comprados pelo FI-FGTS, paga em 36 parcelas. A primeira transferência de dinheiro teria sido feita no Israel Discount Bank no valor de quase US$ 4 milhões.

João Vaccari
Os dois citaram, além de Cunha, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o doleiro Mário Góes – as citações sobre os dois são apuradas no Paraná.

Pernambuco afirmou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que fez pagamentos de R$ 1 milhão em dinheiro vivo ao PT, a pedido do ex-tesoureiro da legenda João Vaccari Neto. Os pagamentos tinham por objetivo garantir obras para a empresa de engenharia, relatou o delator.

Segundo Pernambuco, o R$ 1 milhão foi pago em 2011, em quatro parcelas de R$ 250 mil, para Vaccari. O dinheiro em espécie era viabilizado via doleiros e esquentado através do superfaturamento de contratos e simulações de prestação de serviços.

Em troca, a Carioca Engenharia entrava na lista de empresas que poderiam participar de licitações na Petrobras. O delator disse que a empresa chegou a participar de uma licitação da estatal, mas como entrou em cima da hora, não conseguiu apresentar uma proposta competitiva.

Além do pagamento fora da contabilidade oficial, Pernambuco disse que a Carioca Engenharia fez doações oficiais que somam pelo menos R$ 20 milhões, desde 2006. Ele disse que as doações serviam para manter proximidade com o partido que estava no poder, e que deixava claro a Vaccari porque doava à legenda.

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