sábado, 9 de abril de 2016

Governo pessimista com indefinição da situação do impeachment

O Palácio do Planalto terminou a semana pessimista em relação ao cenário da votação do impeachment. A constatação é de que os últimos acontecimentos deixaram a situação indefinida.
Pesou para a mudança do humor político na Câmara dos Deputados a homologação da delação premiada de executivos da Andrade Gutierrez; a defesa feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, da anulação da posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil; e a demora do Supremo Tribunal Federal em discutir a nomeação do ex-presidente.

Para o governo, a semana termina de forma oposta em relação ao final da semana passada, quando se avaliava no Palácio do Planalto que a construção da narrativa de que havia um golpe em curso contra Dilma começava a dar resultados.

A avaliação interna é de que o governo voltou a ficar na defensiva com a delação da Andrade Gutierrez ao ser obrigado a se defender publicamente sobre o esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, principalmente pela citação direta de dois auxiliares diretos de Dilma: o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, e o assessor especial da Presidência, Giles Azevedo.

A revelação de que parte da campanha foi paga com propina de obras públicas trouxe de volta ao noticiário um tema que o Planalto queria evitar às vésperas da votação do impeachment.

Outro ponto que preocupa o governo é a fragilidade da situação do ex-presidente Lula que, sem um cargo oficial de ministro ou de coordenador político, fica com a atuação política limitada.

Além disso, há o temor de que a manifestação do procurador Rodrigo Janot de que a nomeação de Lula foi uma tentativa de obstruir a Justiça pode levar a uma decisão do Supremo de recolocar o petista na mira do juiz Sérgio Moro.

Contabilidades realistas feitas por articuladores políticos do governo indicam que hoje há cerca de 320 votos pelo impeachment, número diferente do início da semana, quando a contabilidade indicava cerca de 300 votos.

Essa é uma margem considerada de altíssimo nível pelo Planalto já que para abrir o processo a oposição precisa de 342 votos.

"É preciso desmanchar essa onda pró-impeachment nessa reta final", reconheceu aoBlog um integrante da linha de frente da articulação política do governo.

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