Lula tinha medo de Celso Daniel, que não concordava com desvios
do PT na prefeitura de Santo André
do PT na prefeitura de Santo André
A Polícia Federal precisa identificar com urgência o elemento infiltrado que está vazando informações à pessoas ligadas ao PT. Um fato ocorrido na véspera da deflagração da 27ª fase da Operação Lava Jato realça a gravidade destas suspeitas: o incêndio criminoso que atingiu o escritório de Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef.
A 27ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Carbono 14, deflagrada neste 1º de abril, tinha como alvo principal o empresário Ronan Maria Pinto, apontado por ter recebido R$ 6 milhões do esquema de corrupção da Petrobras. Com base em depoimentos prestados na Lava Jato e também em informações prestadas pelo publicitário Marcos Valério à PGR, o juiz Sérgio Moro suspeita que o dinheiro repasse ao empresário serviu para comprar seu silêncio sobre o assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito da cidade paulista.
Leia abaixo o treco do despacho em que o próprio juiz Sérgio Moro aponta as suspeitas:
"Já Ronan Maria Pinto foi, como adiantado, condenado criminalmente, sem trânsito em julgado, por sentença da 1ª Vara Criminal de Santo André no processo 00587-80.2002.8.26.0554, por crimes de extorsão e corrupção ativa, em continuidade delitiva, no aludido esquema de corrupção e extorsão na Prefeitura de Santo André (evento 7, comp39). É ainda possível que este esquema criminoso tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de 2002, do então Prefeito de Santo André, Celso Daniel, o que é ainda mais grave".
Um documento que liga Ronan Maria Pinto a Marcos Valério e Mensalão foi apreendido em 2014 numa operação da Polícia Federal no escritório incendiado de Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef. O documento comprova o repasse informado por Marcos Valério a Ronan Maria Pinto exatamente no valor de R$ 6 milhões. Valério informou à Procuradoria Geral da República que o repasse seria para comprar o silêncio do empresário, que ameaçava denunciar a participação de Lula, José Dirceu e outros integrantes do PT na morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel.
Outra coincidência foi o fato da defesa de José Dirceu também ter protocolado um pedido na véspera da Operação, quinta-feira (31), para que a Justiça autorize sua ida a um hospital particular de Curitiba. O atestado foi assinado por um médico de Brasília, onde afirma que Dirceu se queixava de "dor de cabeça há mais de 20 dias"
O juiz Sergio Moro considera o fato como muito grave e confirmou que "é possível" que a morte do prefeito Celso Daniel, em 2002, tenha relação com o esquema de corrupção e extorsão na Prefeitura de Santo André (SP),
O fato do incêndio criminoso ter ocorrido no dia 31 de março, justamente na véspera da operação que tinha como alvo um suspeito de chantagear o ex-presidente Lula sobre o caso de Celso Daniel é algo preocupante.
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