quarta-feira, 4 de maio de 2016

Inquérito no STF mostrará 'mais uma vez' que Delcídio mentiu, diz Dilma

Nesta terça (3), PGR pediu autorização para investigar Dilma, Lula e Cardozo. Rodrigo Janot quer apurar suposta tentativa de atrapalhar a Lava Jato. A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira (4), em pronunciamento à imprensa, que, se o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir instaurar um inquérito para investigá-la, a apuração demonstrará, “mais uma vez”, que o senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) "faltou com a verdade".
Nesta terça (4), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo um pedido de abertura de inquérito para investigar Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o advogado-geral da União, ministro José Eduardo Cardozo, por suposta obstrução à Justiça em tentativa de atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato. O pedido de investigação é baseado em depoimentos de Delcídio à Procuradoria Geral da República. O ex-líder do governo Dilma no Senado e seu ex-chefe de gabinete Diogo Ferreira disseram aos procuradores da República que o ministro Marcelo Navarro foi nomeado para o Superior Tribunal de Justiça sob o compromisso de conceder liberdade a donos de empreiteiras presos na Lava Jato.

“As denúncias feitas pelo senador Delcídio são absolutamente levianas e, sobretudo, mentirosas, conforme já reiterei sistematicamente desde que elas apareceram. Aliás, o senador Delcídio tem a prática de mentir e isso ficou claro ao longo dessa questão relativa à sua prisão. Tenho certeza que a abertura do inquérito vai demonstrar apenas que o senador, mais uma vez, faltou com a verdade”, declarou a presidente após anunciar, em uma cerimônia no Palácio do Planalto, a liberação de R$ 202,8 bilhões por meio do Plano Agrícola e Pecuário 2016/2017.

Sigiloso, o pedido de Janot ao Supremo será analisado pelo ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no tribunal. O sigilo é motivado pelo fato de que a solicitação tem como base gravações de conversas telefônicas entre Dilma e Lula, inicialmente divulgadas pelo juiz federal Sérgio Moro e cujo segredo foi decretado posteriormente por Teori.

Em meio ao seu discurso no evento desta quarta-feira no Planalto, Dilma não chegou a falar sobre o pedido de Janot ao STF. Ao final da cerimônia, a petista se dirigiu aos jornalistas que cobriam o evento e, sem permitir perguntas, disse que se pronunciaria sobre o pedido da PGR em razão de, na noite desta terça (3), segundo ela, a imprensa não ter divulgado uma nota dela sobre o assunto.

“Tenho consciência das mentiras do senador Delcídio do Amaral e acho que a credibilidade do senador é bastante precária. Acredito que é necessário investigar de onde surgem essas afirmações do senador e comprovar”, enfatizou.

Vazamentos
Dilma Rousseff também aproveitou o pronunciamento à imprensa para dizer que “lamenta” que tenha ocorrido “vazamento” do pedido de Rodrigo Janot ao STF, que corre sob sigilo. Para a presidente, isto é algo “muito grave”, porque ela só tomou conhecimento do pedido pela imprensa.

Ela informou que pedirá à Advocacia-Geral da União a abertura de uma investigação para apurar o “vazamento” da decisão.

A petista aproveitou para dizer que o "vazamento" ocorreu "estranhamente" às vésperas de o Senado votar o processo de impeachment dela. Nesta semana, a comissão especial que analisa o pedido deverá votar o parecer do relator Antonio Anastasia (PSDB-MG) e, na semana que vem, no dia 11 ou 12, a expectativa é que o plenário do Senado analise a admissibilidade do processo de afastamento.

Se a maioria dos senadores optar pela continuidade do processo de impeachment, Dilma será afastada da Presidência por até 180 dias, e o vice-presidente Michel Temer passará a comandar o Palácio do Planalto.

“Aqueles que vazaram [a decisão de Janot] têm interesses escusos e inconfessáveis”, acusou a presidente.

“Esses vazamentos têm uma característica: você vaza e, se depois se caracterizar que nada há, o dano já foi feito. Daí, o que querem com isso? Querem o dano feito. Podem ter certeza que eu também quero dizer que sempre fui a favor de investigações e quero que esta seja investigada a fundo. Inclusive, quero saber quem foi o autor do vazamento”, concluiu Dilma.

Impeachment
Ao longo de seu discurso no evento de lançamento do Plano Agrícola 2016/2017, Dilma comentou sobre o processo de impeachment que enfrenta no Congresso Nacional. Ela voltou a atacar o pedido de afastamento e reafirmou que não há base legal para que ela deixe o mandato.

Ela, mesmo assim, voltou a se defender. "Hoje há, no Brasil, um processo de impeachment contra o qual luto e lutarei em todas as instâncias e com todos os instrumentos possíveis. Tenho a tranquilidade de não ter cometido crime de responsabilidade", declarou a presidente, avaliando que o processo de afastamento dela é "frágil e fraudulento".

Dilma também rebateu as acusações de que teria cometido as chamadas "pedaladas fiscais" - prática que consistiu no atraso do pagamento a Bancos Públicos que financiaram programas sociais - no Plano Agrícola, uma das teses que embasam o pedido de impeachment dela.

Segundo a presidente, não houve aumento de gastos na safra do ano passado, não é possível caracterizar operação crédito e todas as "pendências" com o Banco do Brasil foram quitadas dentro do prazo.

Diferentemente dos eventos recentes dos quais participou no Palácio do Planalto, desta vez, Dilma não foi recebida pela plateia sob gritos de apoio. Geralmente, os convidados entoam palavras de ordem como "não vai ter golpe".

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