quarta-feira, 18 de maio de 2016

Negociação de papéis da Eletrobras na bolsa de NY é suspensa

Vista do complexo nuclear de Angra dos Reis, em foto de arquivo. (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes/Files)Vista do complexo nuclear de Angra dos Reis, em foto de arquivo.
Empresa não enviou balanço auditado de 2014 às autoridades americanas.

Balanço não mensura dano por irregularidades referentes à Lava Jato. A negociação dos papéis da Eletrobras foi suspensa na bolsa de Nova York (Nyse) nesta quarta-feira (18), depois de a estatal comunicar na véspera que não entregaria às autoridades dos Estados Unidos o balanço auditado referente a 2014. O impasse ocorre porque a KPMG, empresa de auditoria que tem de aprovar o balanço financeiro da estatal antes de ele ser enviado, se recusa a assinar o documento porque ele não mensura o dano causado à estatal por irregularidades investigadas pela Operação Lava Jato.

"Nós entregamos todo o material de investigação interna ao auditor, mas foi bem em cima da hora e provavelmente o auditor contratado vai reprovar e pedir mais tempo", disse à Reuters, nesta terça-feira, uma fonte da empresa. "Isso porque, a cada apuração feita, se encontram possíveis novos indícios de irregularidades que estimulam novas investigações", acrescentou. De acordo com a estatal, não há chance de nova extensão de prazo pela Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), que deve suspender a autorização para negociação dos American Deposit Receipts (ADRs) da companhia, enquanto corre o processo de deslistagem.

"Deixar de ter os ADRs negociados sem dúvida não é positivo para a imagem da empresa, mas queremos ir a fundo nos malfeitos", disse a fonte da estatal.

Na nota enviada à SEC (Securities and Comission, a CVM dos EUA) na véspera, a Eletrobras disse que pretendia apresentar recursos e que estava trabalhando para permitir que os ADRs pudessem ser negociados no mercado de balcão.

A Eletrobras ainda informa na nota que, durante o processo de suspensão, os titulares dos papéis (ADs EBR e EBR-B) poderão pedir junto ao Banco Depositário de ADS da Eletrobras, JP Morgan, o cancelamento de seus títulos ou a sua migração para ações ordinárias (ELET3) e preferenciais B (ELET6) correspondentes, que são negociadas, no Brasil, junto à Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa).

Pouco provável
Mais cedo, durante evento no Rio de Janeiro, o ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Filho, já havia admitido que seria "pouco provável" que o balanço fosse apresentado ainda nesta quarta-feira, mas que faria "todo esforço possível" para que a investigação fosse concluída o mais rápido possível.

"Falei com o presidente [José da] Costa hoje de manhã. Evidentemente, o prazo se expira no dia de hoje é pouco provável que ela consiga apresentar o balanço até o final do dia. A partir de amanhã, as ações serão suspensas de negociação. A Eletrobras vai encaminhar o recurso à bolsa de Nova York, que deve ser julgado em até três meses. Nesse período, nós vamos fazer todo o esforço possível para que a investigação possa ser concluída, e que dê conforto à auditoria independente para poder assinar o balanço e a gente, no recurso pleiteado, tentar voltar com as negociações antes de iniciar o processo de deslistagem", disse no Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase), no Rio de Janeiro.

Impasse
Na segunda-feira (16), o ministro do Planejamento, Romero Jucá, já havia reconhecido que não seria possível solucionar o impasse da Eletrobras até quarta-feira (18).

A suspensão de contratos de construção e montagem eletromecânica na obra da usina de Angra 3, devido a investigações da Operação Lava Jato, que aponta suposta propina em licitações do empreendimento, é um dos fatores que impactam os resultados da Eletrobras.

O ministro Romero Jucá, na ocasião, afirmou que o governo faria cobranças da empresa de auditoria para que a questão fosse solucionada.

“Não é um quadro tranquilo, mas existem providências no âmbito do governo que serão tomadas e eu espero que isso possa resultar em solução a médio prazo, dentro de poucos meses”, disse em Brasília, sem detalhar as medidas.

Apesar de não haver uma solução até esta quarta-feira, Jucá afirmou apostar que essas providências poderiam ser tomadas depois disso.

“Até o dia 18 não dá para reverter, mas entre o dia 18 e a discussão final da questão do descredenciamento há um prazo em que podem ser tomadas providências que podem equilibrar a questão. Então vamos focar na busca de soluções”, disse.

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