sexta-feira, 13 de maio de 2016

Pente-fino nas estatais: governo Temer quer mais eficiência

Fachada do prédio da Petrobras, no Centro do Rio.
 Especialistas, porém, veem necessidade de aporte

Uma das missões dadas pelo presidente em exercício Michel Temer à nova equipe econômica é passar um pente-fino nas empresas estatais, alvo de tantas notícias negativas nos últimos anos. A ideia é corrigir os excessos do passado, impor uma gestão mais bem avaliada pelo mercado financeiro e aumentar o grau de eficiência das empresas. O novo governo planeja não apenas substituir nomes, mas fazer uma devassa nos contratos das empresas, a fim de cortar as despesas e aumentar a confiança.

Isso não significa que as estatais não continuarão aparelhadas. Se, antes, seu comando era dividido entre PT, PMDB e PP, com a saída dos petistas, os políticos dos dois últimos partidos continuarão a fatiar as empresas. O peemedebista Eliseu Padilha deve coordenar essa movimentação e orientar a renegociação dos contratos de cada uma das estatais.

A troca nos comandos da Petrobras e do Banco do Brasil deve ficar para um segundo momento no governo Michel Temer. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, vai participar da escolha dos substitutos de Aldemir Bendine (Petrobras) e Alexandre Abreu (BB), mas isso será feito com calma, para não criar turbulências no mercado financeiro, afirmaram interlocutores.

Alguns nomes que foram ventilados para a Petrobras, no entanto, já foram descartados. Um deles é do consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura. Segundo interlocutores de Temer, ele não poderia comandar a estatal por ter atuado como consultor de empresas estrangeiras no setor de petróleo e gás. Outro nome que tem circulado como cotado para a Petrobras é o do presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), Jorge Camargo.

Uma das preocupações do novo governo é que o presidente da Petrobras seja um nome amigável aos petroleiros e não tenha atuado em favor de concorrentes estrangeiros. As associações de funcionários da Petrobras são organizadas e têm um viés estatista. Por isso, a ideia é não criar tensões nas relações com o grupo.

Além disso, será mais fácil aproximar-se de Bendine do que tirar o executivo do comando da petrolífera de uma vez. Uma recente mudança no estatuto da Petrobras prevê que, mesmo que seja desligado da presidência pelo controlador (ou seja, o governo federal), Bendine ficaria no conselho diretor. Para tirá-lo de lá, seria necessária sua renúncia, ou uma assembleia para reformar novamente as regras da empresa, o que poderia gerar mais solavancos na petrolífera. E isso não interessa ao governo Temer.

De acordo com interlocutores próximos de Bendine, ele ainda não foi procurado pelo presidente interino nem por emissários deste. O presidente da Petrobras teria dito que não dará o primeiro passo, por considerar deselegante.

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