quinta-feira, 2 de junho de 2016

Mais de 1 ano após estupro coletivo em SP, jovem tem ataques de pânico

Adolescente foi estupada em quadra de escola em Osasco, na Grande São Paulo, em fevereiro de 2015 (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)

Adolescente foi estuprada em quadra de escola em Osasco 

Adolescente tinha 13 anos quando foi estuprada por 13 homens.
Apenas 9 foram identificados e respondem pelo estupro da menina. Aos 14 anos, uma adolescente de Osasco, na Grande São Paulo, precisa tomar remédio todas as noites para conseguir dormir. Ela tem ataques de pânico com frequência, grita e diz que quer morrer. O motivo? Há mais de um ano, a jovem foi, assim como uma adolescente no Rio de Janeiro, vítima de um estupro coletivo –praticado por 13 homens.

O recente caso que chocou o país, da garota de 16 anos que sofreu um estupro por mais de 30 homens, fez a família relembrar o caso. “Foi bem parecido. O da minha filha foram 13. Alguns não foram pegos até hoje", afirma a mãe, em entrevista ao G1. Dos 13 envolvidos no crime, apenas 9 foram identificados e respondem pelo estupro da adolescente.

A adolescente foi para a casa de parentes em outro estado no começo deste ano para tentar reconstruir a vida. Os nomes dela, da mãe e dos agressores não serão revelados nesta reportagem por motivos de segurança.

Segundo a mãe, todos estão soltos e a família vive permanentemente com medo. O Tribunal de Justiça de São Paulo não confirma se todos estão soltos porque diz que o processo está em segredo de Justiça.“A vida dela se transformou. Ela ficou muito nervosa, agressiva”, conta a mãe. Após o estupro, a menina não conseguiu voltar ao colégio e perdeu o oitavo ano do ensino fundamental. Durante todo o ano, praticamente não saiu de casa.

Ela tentou retornar aos estudos há poucos meses, mas “sofria muito bullying”, relata a mãe. Segundo ela, colegas diziam: “E aí, estuprada?”. “Ela não reagia, só chorava.”

Foi aí que a jovem decidiu estudar em outra cidade, para tentar viver sem os constrangimentos da escola em São Paulo. Ela faz tratamento psicológico desde o crime. Cerca de uma vez por mês, tem ataques de pânico. “Ela começa a relembrar, treme, chora. Diz que quer morrer, que não quer viver.” De acordo com a mãe, a jovem só consegue dormir com remédios.

Assim como no Rio, os criminosos também tiraram fotos e filmaram a cena. “Dois vídeos circularam muito”, relata a mãe. A jovem teve de apagar sua conta no Facebook na época, e só a recriou o perfil tempos depois. A mãe conta que é comum ela receber ofensas em sua página atual. “Esses dias mandaram a foto [do estupro] pra ela.”

O crime mudou a vida da família toda, que tenta se recuperar. “Está quase me dando depressão”, diz a mãe. “Mas não tenho mais nem lágrimas. Elas secaram.”

A família também passa por dificuldades financeiras. Como a adolescente deixou de ir ao colégio, perdeu o benefício do Bolsa Família que recebia. A mãe, que ajudava a sustentar a casa com o marido, está afastada por um acidente de trabalho e está “sem receber do INSS”, mesmo depois de ter perdido o movimento das mãos e não conseguir dobrar a perna direita.

O crime
A adolescente foi encontrada no bairro Aliança, em Osasco, no dia 15 de fevereiro de 2015, um domingo. Ela escondia as partes íntimas com um papelão e segurava seu short jeans, rasgado e com sangue.

Uma moradora da região, que também prefere não se identificar, diz que ela estava descabelada e “quase não falava”. A moradora a vestiu, a alimentou e ligou para a Polícia Militar.

À polícia, a jovem contou que havia sido estuprada por várias pessoas e indicou os locais, na quadra da Escola Estadual Paulo Freire e em uma casa na Rua Quero-Quero. No local, foram presos em flagrante quatro jovens. Também foram detidos cinco menores de idade, levados, na época, para a Fundação Casa. Os autos do processo estão no Fórum de Osasco.

A adolescente foi encaminhada ao Hospital Pérola Byington, onde passou por “exame sexológico”. O caso foi registrado no 10º Distrito Policial de Osasco.

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