Garoto estava com amigo, de 10 anos, que levou um tiro na cabeça.
SSP diz que vídeo vai ser incluído no inquérito; direitos humanos vê abuso.
O menino de 11 anos que estava com o garoto morto pela Polícia Militar com uma bala na cabeça na noite de quinta-feira (2), em São Paulo, foi filmado em um depoimento após a abordagem policial. No vídeo obtido pelo G1, o menino é interrogado, supostamente por policiais militares, sem a presença dos responsáveis e de um advogado.
Os dois meninos furtaram um carro de um condomínio na Vila Andrade, Zona Sul. Ao serem perseguidos pela PM, o garoto de 10 anos, que conduzia o veículo, perdeu o controle do veículo e bateu. O garoto levou um tiro na cabeça e o colega, de 11 anos, foi apreendido. Policiais afirmam que o menino que dirigia fez mais de um disparo – por isso eles revidaram.
No vídeo, o menino diz que o colega deu três tiros contra os policiais.
Menino de 11 anos: "Ele [Menino morto pela PM] me chamou para roubar um prédio. Ele tava com uma arma, ele falou pra mim 'vamos matar os moradores para dormir no prédio’."
Policial: "Ele falou que ia roubar algum carro, alguma coisa?"
Menino: "Falou. Aí, ele viu o vidro do carro aberto, aí, ele pegou e dirigiu. Aí, o porteiro abriu a porta para ele. Aí, ele atirou nos policia. Deu três tiros."
Policial: "Você ficou com medo?"
Menino: "Eu fiquei, aí, os polícia ficou... eu fiquei falando ‘para, para’, e ele falou ‘tô dando fuga’".
Depois, o policial pergunta já afirmando que o menino de dez anos atirou nos policiais quando eles os encontraram e que o menino de 11 anos foi "salvo" pela polícia.
Menor de 10 anos foi morto pela PM
Policial: "E depois que os policiais encontraram vocês, ele deu tiro pra cima dos policiais, ele se machucou, aí os policiais te salvaram?
Menino: "Foi, eu comecei a chorar lá no carro."
Policial: "Mas agora todo mundo te tratou bem, você está protegido."
Menino: "Tô".
Policial: "Você nunca mais vai roubar?"
Menino: "Não. Quero estudar e virar jogador de futebol, ser alguém na vida."
No primeiro depoimento à Polícia Civil, o menino apreendido disse que o colega atirou contra os policiais. O advogado Ariel Castro Alves, integrante do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana, acompanhou o segundo depoimento do garoto apreendido. Ele disse que o menino mudou a versão inicial e falou que não houve confronto com a polícia depois da batida.
“Podemos concluir pelo depoimento que foi dado que, ao final, não teria tido o confronto, e poderia sim ter tido uma execução”, afirmou.
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