quarta-feira, 13 de julho de 2016

Confusão entre professor e alunos da Unicamp acaba na polícia; assista ao vídeo


Briga ocorreu quando docente tentava aplicar prova para os estudantes.

Reitoria espera formalização de denúncia para tomar medidas necessárias. Uma confusão envolvendo um professor da Unicamp e alunos em greve virou caso de polícia em Campinas (SP). A briga ocorreu na segunda-feira (11) quando o docente tentava aplicar uma prova para os estudantes. O desentendimento foi gravado e divulgado nas redes sociais.[veja vídeo acima]

Pelo vídeo é possível ver que a briga entre os alunos do comando de greve e o docente ocorre na frente do Instituto de Física. Há muita gritaria e tensão entre as partes. A discussão segue até o momento em que o professor Ernesto Kemp se aproxima do celular que estava gravando a confusão. Na sequência, não é possível ver mais nada. A aluna Tatiane Lopes, que aparece no vídeo, diz que a intenção dos estudantes era dialogar.

"A assembleia de curso vota a greve e delibera que não vão acontecer as provas e aulas e aí se organiza a partir do comando isso. Então, a gente sabe quando vão acontecer as provas e vai até lá para conversar com o professor e dessa vez aconteceu desse jeito", conta.

O estudante Aleph Silva é quem está ao lado de Tatiane na imagem. É ele quem aparece discutindo com o professor no início do vídeo. "Ele não teve diálogo algum com a gente. Ele simplesmente chegou agredindo a gente, não esperou a gente falar o que tava acontecendo", afirma.

Já Anna Emília diz que era ela quem segurava o celular. A aluna acusa o professor de agressão. "Ele imediatamente veio pra cima de mim [...] tentou arrancar meu celular", destaca.

Caso de polícia
Os estudantes registraram o caso na delegacia como lesão corporal, ameaça, injúria e injúria racial. Eles ainda pretendem pedir a abertura de uma sindicância.

O professor de física também registrou um boletim de ocorrência por lesão corporal e perturbação do trabalho e vai procurar a ouvidoria da universidade.

Ele afirma que naquele momento perdeu a paciência, mas nega que tenha dado socos na estudante.

"Isso não foi uma paciência que eu perdi ali 15 segundos. Isso é uma coisa que tem acontecido desde o início de junho, que eu tenho sido impedido de entrar na minha sala para dar aula para os meus alunos [...] eu peguei no braço dela e tirei da minha frente e coloquei do lado", explica Kemp.

O docente destacou ainda que foi agredido e xingado depois da confusão enquanto estava na secretaria. "Eles foram atrás para ficar lá na frente e me perturbar mais. [...] enquanto a gente tava discutindo, eles se utilizam da seguinte tática: ficam dois garotos próximos de você e por trás ficam um monte de meninas. As meninas ficam te dando joelhadas, caneladas, cotoveladas, porque o que eles querem é isso, ver as pessoas perderem a paciência", desabafa.

A assessoria de imprensa da Unicamp informou que a reitoria tomou conhecimento da confusão por meio do vídeo publicado nas redes sociais e que espera a formalização de qualquer denúncia para tomar as medidas necessárias. Outro caso

No dia 20 de junho, outro caso envolvendo umprofessor e alunos ganhou repercussão nas redes sociais. A confusão ocorreu quando o estudante Guilherme Montenegro apagou o quadro durante uma aula do professor Serguei Popov no Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica.

“Eles invadiram a aula, forçaram a porta. Tentei fechar, mas entraram à força. Eles começaram a dizer que queriam dialogar, mas nunca vi um diálogo que começa com uma invasão. Eu não estou fazendo greve e tenho direito a dar aula, sou professor para isso. No começo eram três, depois chegaram outros com um bumbo. Continuei porque não vou me intimidar. Sou russo, sou resistente”, contou o professor ao G1 na época.

O jovem que aparece nas imagens apagando a lousa foi procurado pela reportagem, mas preferiu não se manifestar.

Desocupação da reitoria
Estudantes desocuparam o prédio da reitoria da Unicamp na manhã de quinta-feira (7). Eles permaneceram na sede da administração universitária por 59 dias em protesto contra cortes anunciados na instituição da ordem de R$ 40 milhões. O grupo reivindica ainda mais moradias e cotas raciais.

Segundo os organizadores do movimento, a saída do imóvel foi definida depois que o reitor da universidade, José Tadeu Jorge, assinou um documento onde se comprometeu a garantir os avanços já conseguidos nas negociações e criar uma comissão para avaliar os possíveis excessos praticados por alunos, professores ou servidores durante a paralisação.

No entanto, os alunos informaram que a saída do prédio não significa o fim da greve, que começou no início do mês de maio. Professores

No dia 30 de junho, os professores da Unicamp decidiram após uma assembleia suspender a greve iniciada no dia 1º de junho e aceitar a contraproposta de 3%. A categoria reivindicava 12% de aumento salarial.

Os professores aceitaram suspender o movimento depois que a universidade se comprometeu a reabrir as negociações quando o estado recuperar a arrecadação do ICMS.

Apesar da decisão, os docentes disseram que mantêm a mobilização chamada de “Luta em defesa da universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada”. A organização disse que continuará com a comissão que vinha negociando com a instituição.

Trabalhadores
A greve dos funcionários técnico-administrativos da Unicamp completou 50 dias nesta segunda-feira (11). Os servidores pedem reajuste salarial de 12,3%, mas a contraproposta do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp) é de 3%. Os trabalhadores pararam as atividades no dia 23 de maio.

O sindicato informou que o movimento tem adesões em todas as áreas da universidade, exceto na saúde. Segundo o site da Unicamp, o quadro atual é composto por quase 8,5 mil técnico-administrativos.

A assessoria da Unicamp confirmou que nesta quarta-feira (13) haverá uma reunião entre a reitoria e o sindicato para discutir a pauta de reivindicações.

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