segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Armas usadas na Guerra da Bósnia abastecem terroristas

Arsenal militar facilitou queda de preços de fuzis e pistolas no mercado ilegal.
Mais de 20 anos após a Guerra da Bósnia, o arsenal usado no conflito é uma das principais fontes de armamento de jihadistas. Segundo os participantes de uma conferência de segurança realizada em Sarajevo, o volume de armas vindas da antiga Iugoslávia forçou uma queda de preços no mercado ilegal, tornando ainda mais fácil a aquisição por terroristas. Atualmente, 80 milhões de armas circulam nos países da União Europeia (UE). De acordo com o ministro da Segurança bósnio, Ermin Pesto, o combate ao armamento ilegal é uma das prioridades do país:

— Trata-se de um desafio.

Quando a guerra acabou, em 1995, o ódio e a desconfiança acumulados durante o conflito fizeram com que a maioria dos bósnios preservasse suas armas. Para evitar o controle, muitos enterraram fuzis no quintal como possibilidade de autodefesa caso os sérvios voltassem a atacar.

A confiança na paz duradoura é recente. A Bósnia-Herzegovina tem desde 2015 um acordo de associação à União Europeia e no próximo ano vai se candidatar oficialmente a membro — a exemplo de Sérvia e Montenegro. Mesmo assim, as armas foram desenterradas porque seus proprietários precisavam de dinheiro.

Segundo Pesto, esse arsenal irregular — há 1,5 milhão de armas de guerra para uma população de cerca de 3,9 milhões de habitantes — também acaba abastecendo grupos radicais que lutam no Iraque, na Síria, na Líbia e no Afeganistão.

O norueguês Anders Breivik tinha bons contatos na Bósnia e na Sérvia. Pouco antes de matar 77 pessoas em julho de 2011, em um dos mais sangrentos massacres da História do país desde a Segunda Guerra Mundial, Breivik foi parado e em seguida liberado quando atravessava a Alemanha com o carro cheio de armas leves. Os dados colhidos por policiais alemães deveriam ter sido passados para as autoridades norueguesas — atualmente, o Departamento Criminal Federal (BKA) da Alemanha investiga por que essa comunicação não existiu.

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