domingo, 5 de março de 2017

Uber usou ferramenta secreta para enganar autoridades pelo mundo

(FILES): This file photo taken on March 10, 2016 shows a man checking a vehicle at the first of Uber's 'Work On Demand' recruitment events where they hope to sign 12,000 new driver-partners, in South Los Angeles Uber and Lyft are eviscerating the taxi industry in Los Angeles three years after they began operating in the city, officials say. Thanks to the ridesharing services, which enable independent drivers to offer rides via a smartphone application, "taxicab service demand indicators have dropped (total trips and dispatch trips) beginning in the second half of 2013 and increasing through 2015," according to a report by Department of Transportation seen by AFP on April 14, 2016. / AFP PHOTO / Mark Ralston

A Uber está engajada há anos em um programa mundial para enganar as autoridades em mercados nos quais seu serviço de transporte vinha encontrando resistência da parte das agências regulatórias ou, em alguns casos, havia sido proibido.

O programa, que envolve uma ferramenta chamada Greyball, usa dados recolhidos pelo app da Uber e outras técnicas a fim de identificar as autoridades e escapar às suas ações. A Uber usou esse recurso para escapar das autoridades em cidades como Paris, Boston, Las Vegas, além de países como Austrália, China, Coreia do Sul e Itália.

O sistema Greyball era parte de um programa mais amplo chamado VTOS, a abreviação em inglês para "violação dos termos de serviço", que o Uber criou para identificar pessoas que estivessem usando seu serviço ou o investigando indevidamente. Eles foram adotados no início de 2014 e continuam em uso, principalmente fora dos Estados Unidos. O Greyball foi aprovado pela equipe jurídica da Uber.


O Greyball e o programa VTOS foram descritos ao "New York Times" por quatro atuais e antigos funcionários da Uber, que também forneceram documentação sobre ele. Eles falaram sob a condição de anonimato, porque as ferramentas e seu uso são confidenciais, e devido ao medo de retaliação por parte da companhia.

O uso do Greyball pela Uber foi registrado em vídeo no fim de 2014, quando Erich England, inspetor municipal em Portland, Oregon, tentou chamar um carro no centro da cidade como parte de uma operação para apanhar a empresa em flagrante violação das regras da prefeitura.

Na época, a empresa havia começado a operar seu serviço de carros em Portland sem buscar permissão da prefeitura, que mais tarde definiu as atividades da empresa como ilegais.

Para montar um caso contra a Uber, funcionários como England começaram a usar os serviços da empresa, se fazendo passar por passageiros e recorrendo ao app para chamar um carro, cuja aproximação eles podiam acompanhar pelos pequenos ícones representando carros da Uber na tela do app.

Mas, sem que England e outros funcionários municipais soubessem, alguns dos carros que eles estavam vendo como ícones na tela do app na verdade não existiam. Os motoristas que eles conseguiam chamar logo recebiam instruções para cancelar as corridas. Isso acontecia porque a Uber havia identificado England e seus colegas como funcionários da prefeitura, com base em dados recolhidos pelo app e com outras técnicas. A empresa então fornecia a eles uma versão falsa do app, povoada por carros fantasmas, para evitar que eles a fiscalizassem.

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