domingo, 10 de novembro de 2019

SAÚDE: "Uma pneumonia silenciosa matou minha filha de 4 anos".

Apenas uma semana depois de um raio X mostrar que estava tudo bem com Helloysa, 4, a dona de casa paulista, Jheniffer Tavares da Silva, 24, viu o quadro da pequena se agravar tanto a ponto dela parar na UTI. A menina não resistiu e morreu no último domingo (3)

Certamente, e algum momento, seu filho já apresentou um quadro de tosse. Daquelas chatas, que persistem, mas não alteram o estado geral da criança, sabe? Pois, há apenas duas semanas, a dona de casa paulista Jheniffer Tavares da Silva, 24 anos, levou a filha, Helloysa, 4 anos, ao hospital. "Ela estava com muita tosse. O atendimento foi via convênio. O raio x e o exame de sangue não acusaram nada", conta.
"No dia seguinte, passei com uma pneumopediatra que também examinou Helloysa. Ela disse que ela não tinha nada e deveria ser apenas uma tosse por causa do tempo", lembra. A especialista receitou um remédio e as duas voltaram para casa. A mãe tinha uma preocupação "extra" com a filha, pois Helloysa tinha anemia falciforme — uma doença hereditária, caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue — e, por isso, sua imunidade era mais baixa.

No entanto, apenas uma semana depois, a situação da menina piorou a ponto de ela ser internada, às pressas, na UTI. 

"Uma semana depois, durante a madrugada, ela começou a reclamar de dor de barriga, disse que estava doendo muito. Coloquei ela na minha cama e ela dormiu. Mais tarde, passou a ter também febre. No dia seguinte, ela acordou bem, brincou e tomou o café da manhã — ainda com um pouco de febre, mas bem. Depois, voltou a sentir dor. À tardinha, voltamos com ela ao hospital. A essa altura, ela chorava muito, gritava de tanta dor. Logo depois, começou a reclamar também de dor nas costas. Ela chegava a apertar o pescoço do pai de tanta dor. Quando chegamos ao hospital, eles suspeitaram de uma crise da anemia falciforme. Fizeram exames e deram morfina. Ela passou a se sentir cansada e com dificuldade pra respirar. Rapidamente, ela foi colocada no oxigênio. A temperatura continuava alta. O raio X mostrou que ela estava com pneumonia — os médicos ainda me falaram: 'É uma mancha grande no pulmão, não está bonita, não e, em 72hs, pode piorar'. Mas eu estava positiva, apostando que ela ficaria bem. Passamos a noite lá. Ela continuava com febre e saturação oscilando. Minha filha foi levada para a UTI. Quando chegou o fim da tarde, eu queria dar banho nela, mas já não conseguia mais. Mesmo recebendo morfina de 3/3 horas, ela continuava com muita dor. As 3h da madrugada, ela começou a se debater. Nessa hora, os médicos me avisaram que era falta de oxigênio no sangue. Ela já estava alucinando. Tentaram um monte de coisas, mas não deu. Nada resolvia. Tentaram entubar e não conseguiram, o pulmão dela já estava fechado. O único jeito foi sedá-la. Nesse momento, perdi meu chão. Não aguentei e saí da sala. Ali, mal sabia que seria a última vez que a veria com vida. Às 7h15, ela faleceu. Helloysa estava muito cansada, sofrendo demais. E foi a tal pneumonia silenciosa que a matou. Estou em pedaços. Era minha única filha, minha única razão de viver."


Jheniffer: Essa é a última foto da minha filha em vida (Foto: Reprodução Facebook)


PNEUMONIA SILENCIOSA?

De acordo com Alfonso Eduardo Alvarez, presidente do Departamento de Pneumologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SP-SP), "pneumonia silenciosa" é um termo popular, que se refere a quadros de pacientes que não apresentam muitos sintomas aparentes. Segundo o especialista, apesar de a pneumonia possuir diferentes graus de agressividade — principalmente em pessoas que já possuem complicações crônicas, como anemia falciforme —, ela não costuma evoluir tão rápido. "O que acontece é que os pais ficam muito atentos a sintomas mais típicos como tosse e febre, mas os sinais de que algo não está bem vão muito além disso", alerta.

"É importante notar, por exemplo, se o seu filho apresenta-se muito abatido, cansado e/ou com dificuldade para respirar. Se a criança apresenta qualquer grau de dificuldade em respirar, ou seja, se está ofegante, é fundamental que seja examinada o quanto antes!!! Além disso, se a criança está prostrada durante um episódio de febre, toma um antitérmico e volta a ficar disposta, é um bom sinal. Mas se quando a febre baixa, ela continua abatida, é preciso ficar atento. Isso não vale apenas para pneumonia, mas qualquer outra infecção. Nesses casos, é importante sempre buscar um pediatra", diz.

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