quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Advogada de médico que fez procedimento em modelo morta diz que ele não está sendo acusado de crime algum.



A advogada Verônica Lagassi, que representa o médico Wagner Moraes, foi a primeira a chegar à 79ª DP (Jurujuba), em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, na manhã desta quinta-feira. A polícia vai ouvir o médico e as enfermeiras que atuam em sua clínica de estética, localizada no bairro São Francisco, naquele município, onde a modelo Raquel Santos foi submetida a um procedimento estético horas antes de morrer, na segunda-feira. Também são aguardados para prestar depoimento os médicos que atenderam a jovem no Hospital Icaraí, para onde ela foi levada após começar a sentir falta de ar.

Na porta da delegacia, enquanto aguardava o médico, a advogada defendeu o cliente à imprensa.

— Ele não é acusado de nada, está vindo prestar depoimento apenas para esclarecer os fatos. A imprensa está abordando o caso de uma forma muito errada. O que deveria ser abordado é o uso de anabolizantes. Meu cliente é um profissional qualificado e se não estivesse autorizado para fazer esse tipo de procedimento não teria uma clínica — afirmou a advogada.
A advogada Verônica Lagassi representa o médico.

Wagner Moraes chegou à delegacia às 10h47m e não quis falar com os repórteres.

Como o EXTRA mostrou, nesta quinta-feira, o médico e a clínica que leva seu nome colecionam processos judiciais. Em consulta ao site do Tribunal de Justiça do estado, é possível acessar ao menos 51 ações, cíveis e criminais, tendo um dos dois como réu.
O médico Wagner Moraes chega à delegacia.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), que já havia informado que Wagner não é membro da instituição, divulgou uma nota de pesar e esclarecimento à imprensa. Em um trecho da nota, a sociedade pede que o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro e o Conselho Federal de Medicina investiguem o caso e ressalta que Wagner nunca foi titulado para atuar como cirurgião plástico. Leia, a seguir um trecho da nota:

“Médicos como o doutor W. M., que se denominam 'cirurgião plástico' sem nunca ter sido titulado para tal, ludibriam seus pacientes, abusando de sua boa-fé e criminalizam o exercício da profissão à guisa do que preconiza a Comissão Mista de Especialidades formada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Associação Médica Brasileira, Conselho Federal de Medicina e Comissão Nacional de Residência Médica do Ministério da Saúde, únicos a regulamentar o reconhecimento do médico especialista, como acomoda o Decreto da Presidência da República 8.516/15 ( www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Decreto/D8516.htm)”.

Leia a nota da SBCP na íntegra:

“É com grande pesar que a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica tomou conhecimento, nesta terça-feira (12/01), sobre a morte da modelo R. S., por parada cardíaca, depois de ser submetida a procedimento de cirurgia plástica pelo doutor W. M., desconhecido pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, única a titular especialistas no país.

Solidarizamo-nos com a família enlutada neste momento tão triste quanto inesperado.

Também repudiamos veementemente a atuação de médicos não especialistas em cirurgia plástica, que por falta de formação especifica, colocam em risco a segurança e a vida de seus pacientes conquanto descumprem indiscriminadamente os ditames legais.

Médicos como o doutor W. M., que se denominam "cirurgião plástico" sem nunca ter sido titulado para tal, ludibriam seus pacientes, abusando de sua boa-fé e criminalizam o exercício da profissão à guisa do que preconiza a Comissão Mista de Especialidades formada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Associação Médica Brasileira, Conselho Federal de Medicina e Comissão Nacional de Residência Médica do Ministério da Saúde, únicos a regulamentar o reconhecimento do médico especialista, como acomoda o Decreto da Presidência da República 8.516/15 ( www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Decreto/D8516.htm).

É preciso que o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, Conselho Federal de Medicina investiguem duramente o caso para apurar a relação entre o procedimento ocorrido na clínica e a morte de R. S., assim como é imprescindível fiscalizar a utilização irregular da titulação de "Cirurgião Plástico", feita pelo mesmo doutor e por outros profissionais na tentativa de transmitir uma imagem de formação, perícia e competência que não possuem.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, luta e continuará lutando exaustivamente, para garantir transparência e segurança, para os pacientes brasileiros que necessitam de serviços médicos de qualidade comprovada, cumprindo todos os expedientes possíveis para evitar eventos trágicos como este e combater com pulso firme o exercício ilegal por profissionais não habilitados e sem formação científica. É necessário que os órgãos legalmente investidos de poderes para fiscalização da Medicina no país, promovam ações imediatas e efetivas, para evitar que mais vidas sejam ceifadas, devido ao exercício da cirurgia plástica por médicos não especialistas.

São Paulo, 13 de janeiro de 2016

Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - SBCP”

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