sábado, 30 de janeiro de 2016

Cadeirante toca em bateria de bloco como 'terapia' para superar acidente

Rodrigo Bottini é um dos 220 batuqueiros do Bangalafumenga de SP. Ele toca surdo no bloco, onde também conheceu a mulher.
Rodrigo Bottini toca na bateria do bloco Bangalafumenga, que desfila neste sábado em São Paulo (Foto: Arquivo pessoal/Rodrigo Bottini)Rodrigo Bottini toca na bateria do bloco Bangalafumenga, que desfila neste sábado em São Paulo

Na manhã deste sábado (30), o analista financeiro Rodrigo Bottini, de 40 anos, encara seu quarto carnaval como um dos 220 batuqueiros do bloco carioca Bangalafumenga. Cadeirante há oito anos, Bottini entrou na oficina paulistana de percussão do cordão, em 2012. Apaixonado por música e carnaval, ele buscava uma atividade que pudesse unir os dois interesses e ainda repelir qualquer tipo de tristeza.

“Eu estava atrás de fazer algo diferente e o bloco me serve como terapia também. Tem dias que você está mais pra baixo, e ali você esquece do mundo lá fora e passa viver aquele som da bateria. Fazer música é muito legal. Você se sente parte de algo muito importante”, conta.

Rodrigo sofreu um acidente em 1998, na casa de amigos, durante uma brincadeira na piscina. Desde então, investe em atividades físicas que estimulem sua reabilitação.

Na oficina do bloco, gamou no surdo de segunda –instrumento que dá a marcação à bateria. “Sempre gostei do barulho, da musicalidade, e resolvi tocar surdo. Lá eu soube que eram três tipos, escolhi o de segunda aleatoriamente e, desde então, não parei mais. Foi paixão à primeira vista”, brinca.

Mais tarde, a bateria ainda lhe renderia um segundo amor. Foi na folia de 2013 que ele decidiu transformar a amizade com uma das colegas de batuque em romance. “Entrei na bateria em março e ela em agosto. Ela foi tocar o mesmo instrumento que eu tocava, começamos a ficar amigos. Eu já estava querendo mudar essa história e ela nem imaginava. Foi um processo longo."

O roteiro da conquista começou com uma viagem relâmpago para curtir o desfile do Bangalafumenga no Rio. Bottini comprou as passagem e não teve escapatória. “A gente foi de avião, comprei para mim e para ela e lá a gente começou a ficar mais amigo, passamos o dia todo junto. Quebrou um pouco do gelo e do preconceito. Era tudo novidade para ela. Ela nunca tinha saído com alguém na minha condição.”
Rodrigo Bottini conheceu a esposa na bateria do bloco carnavalesco Bangalafumenga (Foto: Arquivo pessoal/Rodrigo Bottini)Rodrigo Bottini conheceu a esposa na bateria do bloco carnavalesco Bangalafumenga

O bate-volta aproximou, e um mês depois os dois já estavam juntos. “A gente foi, curtiu, passou o dia lá, voltamos e foi mais uns dois ou três finais de semana de almoço, saídas ainda como amigo, e até que numa festa do pessoal que toca no 'Banga' e ficamos a primeira vez.” O namoro engatou e os dois hoje vivem juntos. “A gente se considera casado.”

O casal também faz parte do bloco Chega Mais, cordão paulistano formado por integrantes e ex-integrantes da bateria do Bangalafumenga. Para ele, a cadeira de rodas nunca foi limitante. “As pessoas passam a admirar por ser um cadeirante tocando em um bloco de carnaval como o Banga. Ao meu ver é uma admiração exagerada. Eu levo de uma forma muito natural, estou lá porque é uma grande família e me sinto bem tocando. Não precisou adaptar nada, eu fui dando o meu jeito e foi tranquilo.”

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