quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Ampliação de barragem em Mariana estava acima do ideal, diz PF

Segundo relatório, alteamento chegaria a 15 metros em um ano.
Samarco nega irregularidade.


A Polícia Federal acusa a Samarco, que pertence às mineradoras Vale e BHP Billiton, de ampliar a barragem de Fundão acima do ideal. O alteamento que era feito na época do rompimento chegaria a 15 metros em um ano. As informações estão em um relatório obtido pelo Jornal Nacional e foram divulgadas inicialmente pelo Jornal Estado de São Paulo.

Segundo a reportagem do jornal, um estudo da Polícia Federal mostra que o alteamento em represas, como a de Fundão, deveria ser de cinco a 10 metros por ano. 

O Ministério Público de Meio Ambiente, de Minas Gerais, declarou que o alteamento para aumentar a capacidade de Fundão estava dentro do que foi licenciado. Mas, os promotores dizem que a Samarco não respeitou as boas práticas internacionais e nem ao que estava previsto no projeto inicial.

"Alteamento estava dentro do que foi licenciado, no referente à altura, não no que se refere ao recuo que a Samarco procedeu na barragem [...]. Nós ainda estamos fazendo as análises da quantidade, do quanto era alteado por ano para ver se havia irregularidade ou não", disse o promotor Felipe Faria de Oliveira.

Em depoimento à Polícia Federal, o coordenador técnico de planejamento e monitoramento da Samarco citou que a última leitura manual nos equipamentos que mediam a estabilidade da barragem de Fundão tinha sido feita no dia 26 de outubro, dez dias antes do rompimento.

Os outros equipamentos, que enviavam dados automaticamente, estavam em manutenção nos dias três, quatro e cinco, dia do rompimento da barragem de fundão, disse o funcionário.

A PF afirma que a Samarco tinha conhecimento da real situação da barragem. Isso faz com que ela assuma o risco de se ocorrer um evento danoso de proporções enormes, que não pode ser confundido com mero acidente. O delegado Roger Lima preside o inquérito.

A Samarco, em mais de uma ocasião, foi alertada sobre problemas na barragem de fundão e não tomou os devidos cuidados e acertos sugeridos.

“Nós temos percebido uma fragilidade das informações prestadas pela Samarco e uma falta de coerência entre aquilo que é afirmado e aquilo que nós temos constatado tecnicamente ou documentalmente, o que pode, sim, vir a prejudicar a investigação", diz o promotor.

A Samarco declarou que respeitou todas as premissas do manual de operações elaborado pelo projetista da barragem e que com o acompanhamento de instrumentos, um alteamento anual de 10 a 15 metros não põe em risco a barragem.

A mineradora confirmou que os equipamentos de monitoramento ficaram em manutenção por poucos dias e que isso não ofereceria risco.

Samarco pede adiamento de prazo para depósito
Venceu nesta quarta-feira o prazo para a Samarco, a Vale e a BHP pagarem R$ 2 bilhões, de um total de R$ 20 bilhões para um fundo de recuperação da tragédia.

A Samarco afirmou que pediu à Justiça a suspensão do processo e o adiamento do prazo para o depósito.

Desastre ambiental
A barragem de Fundão se rompeu no dia 5 de novembro de 2015, destruindo o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, e afetando Águas Claras, Ponte do Gama, Paracatu e Pedras, além das cidades de Barra Longa e Rio Doce.

Os rejeitos também atingiram mais de 40 cidades na Região Leste de Minas Gerais e no Espírito Santo. O desastre ambiental, considerado o maior e sem precedentes no Brasil, deixou 17 pessoas mortas e duas desaparecidas.

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