quarta-feira, 6 de abril de 2016

Disputa na comissão do impeachment será voto a voto, aponta levantamento

Comissão do impeachment Oposição precisa conquistar 3 indecisos para obter maioria.
A disputa é voto a voto na comissão do impeachment na Câmara, com os 65 integrantes do colegiado, feito entre segunda e terça-feira. A oposição reúne hoje 30 votos a favor do afastamento da presidente Dilma Rousseff e está a três de formar maioria. Precisa, para isso, ganhar adeptos entre os 17 deputados que se declararam indecisos. Outros 18 se manifestaram contra a continuidade do processo. O cenário, porém, é imprevisível, já que ainda faltam orientações partidárias, e posições vêm sendo alteradas com a atuação do governo sobre algumas legendas.

O relatório, que será votado segunda-feira, poderá recomendar o arquivamento ou a continuidade do processo de impeachment. O parecer aprovado pela comissão é uma orientação ao plenário. Seja qual for a decisão da comissão, ela terá de ser submetida à votação por todos os deputados. Ela, no entanto, é um importante termômetro para definição do impeachment na Câmara.

Entre os indecisos estão o presidente da comissão, Rogério Rosso (PSD-DF), e o relator, Jovair Arantes (PTB-GO). Embora os dois tenham se declarado dessa forma, parlamentares do governo e da oposição dão como certo seus votos a favor do impeachment.

Os deputados que declaram seus votos — a favor ou contra — informaram que estão convictos. Ou seja, não mudariam de lado. Entre os indecisos, alguns parlamentares citaram a defesa de Dilma feita pelo ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, na segunda-feira, na comissão, como importante e demonstraram uma tendência de votar contra o impeachment.

— A defesa de Cardozo deu a quem estava indeciso os elementos para tomar uma decisão e fazer a defesa de sua posição nas bases. Criou o ambiente. Disse que impeachment só em situações extremas. Qual a extrema gravidade das pedaladas, que dano terrível trouxe para a área social, para o cidadão? — disse Valtenir Pereira (PMDB-MT), um dos indecisos.

Boa parte dos que se declaram favoráveis ao impeachment divulga suas opiniões diariamente, seja na comissão ou em discursos no plenário.

— Estou absolutamente convencido. O Cardozo está no papel dele, fez uma defesa apaixonada, mas não mudou um milímetro minha convicção sobre o impeachment. Sou a favor — disse o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG).

Do lado governista, a convicção é a mesma.

— A chance de eu mudar de opinião e votar a favor do impeachment é a mesma de eu me casar com a filha de Barack Obama. Sou dilmista e as minhas convicções são sólidas Podem me chamar de tudo, menos de traidor — afirmou Silvio Costa (PTdoB-PE), vice líder do governo.

Fora do chamado núcleo duro do governo e da oposição, parlamentares de partidos com menor representação na Casa, como o PSOL e o PV, estão igualmente polarizados. O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) defende a rejeição do pedido de impeachment, sob o argumento de que não está caracterizada a prática do crime de responsabilidade no pedido dos juristas Miguel Reale Júnior, Janaina Paschoal e Hélio Bicudo.

— Acho que já formei meu juízo. Não há fundamentação jurídica. O que há é uma disputa pelo poder — avaliou Chico.

— Não mudo minha convicção. Já há os elementos político e jurídico para afastar a presidente Dilma. Temos que dispensar logo esse governo para começar outro de forma decente — defendeu o deputado Evair de Melo (PV-ES).

Alguns partidos ainda irão orientar como seus filiados devem se posicionar. Mas já há parlamentar se antecipando. Escolhido na terça-feira para ocupar uma vaga em aberto de seu partido na comissão, Vicentinho Júnior (PR-TO) anunciou seu voto e disse que não muda:

— Sou contra o impeachment. E se o partido decidir o contrário, eu não vou seguir. Não vou desembarcar do governo no meio da tempestade. Vou pedir desculpas ao meu partido.

O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani, confirmou seu voto contra o impeachment, apesar da pressão de seu partido e as declarações de seu pai, o presidente do partido no Rio, Jorge Picciani, pelo afastamento de Dilma.

— Voto contra este processo que está em análise. Difícil (mudar de opinião) em relação a esse processo — afirmou Picciani.

Outro líder partidário, Aguinaldo Ribeiro (PB), do PP, tentará convencer sua bancada a votar contra o impeachment. Ele foi ministro das Cidades do atual governo.

— Sou contra o impeachment, mas como líder vou encaminhar de acordo com a posição da minha bancada — afirmou Ribeiro, que terá dificuldade de convencer alguns correligionários, caso de Jerônimo Goergen (RS).

— Voto a favor do impeachment. Chance zero de mudar de opinião — disse Goergen.

PEDIDOS NEGADOS

Um dos mais ferrenhos opositores na comissão, Júlio Lopes (PP-RJ) conta que ouviu pedidos de lideranças políticas para mudar de lado:

— Voto a favor do impeachment, nenhuma chance de mudar. O Lula ligou para o Pezão e pediu. O Pezão e o Dornelles (vice-governador do Rio) me pediram para votar contra. Em que pese a necessidade de apoio do governo federal, votarei a favor do impeachment até por entender que isso se refletirá em benefício do Rio porque o que sufoca a nação é a gestão Dilma.

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