sexta-feira, 17 de junho de 2016

Atriz Quitéria Chagas comemora lei que garante doula em hospitais do Rio

Quitéria e a doula, Gabriela Prado
Durante a gestação da pequena Elena, de um ano e um mês, a atriz e estrela do carnaval Quitéria Chagas descobriu o que é uma doula. E decidiu que ela mesma se tornaria uma. Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheça a profissão, alguns hospitais ainda se recusavam a receber doulas no parto. Ontem, o governador em exercício Francisco Dornelles assinou a lei que autoriza a presença dessas profissionais nos estabelecimentos hospitalares da rede pública e privada.

— Como é uma profissão nova, ainda existe resistência, tem equipe de saúde que às vezes nem sabe o que é doula — explicou Quitéria, antes de falar sobre o trabalho que faz: — A gente conversa com a gestante, conheceu seus medos e receios em relação ao parto e tenta desconstruir isso com informação. Somos facilitadoras da equipe médica, para que o parto aconteça da melhor maneira possível. Além da doula, a permissão de um acompanhante, geralmente pai da criança, continua garantida por lei federal.

Ministério apoia, médicos divergem

O Ministério da Saúde também reconhece a presença das doulas — inclusive, em algumas unidades do SUS, há doulas voluntárias. Mesmo assim, há médicos que oferecem resistência à profissão, tanto que, em 2012, foi criada uma resolução no Conselho Regional de Medicina (Cremerj) contrária ao envolvimento das doulas no parto. A obstetra Ana Fiálio, porém, é voz contrária entre os médicos:

— Minha opinião pode não traduzir a opinião geral dos obstetras, mas há estudos que mostram como a doula influencia positivamente no bem-estar da mulher — diz a médica, que crê num motivo para os médicos não apoiarem as doulas: — No Brasil, os obstetras escolhem muito (o parto) cesariana, e a doula acaba dificultando isso, pois explica as reais indicações para esse tipo de parto.

Entenda a profissão

Papel da doula — Muita gente confunde, mas a doula não é parteira e nem enfermeira. Normalmente, ela não faz parte da equipe do médico obstetra e está ali para atender a uma necessidade da gestante.

Sem remédios — A doula faz acompanhamento antes, durante e depois do parto e utiliza métodos não farmacológicos para o alívio das dores (por exemplo, massagens, fisioterapia, acupuntura). Durante o parto, ajuda a encontrar a melhor posição de encaixe do bebê, com apoio da equipe médica.

Suporte — Além de dar apoio psicológico à mulher, a doula explica o parto e suas necessidades (por exemplo, quando é necessário um parto através de cesariana, dando sempre preferência ao natural). É uma profissional aberta para ouvir os medos da gestante e confortá-la neste momento.

Pós-parto — Após o parto, a doula mantém o acompanhamento, principalmente para tirar dúvidas sobre amamentação e ajudar em caso de depressão pós-parto.

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