quarta-feira, 1 de junho de 2016

ESTUPRO COLETIVO 2: traficante chefia o ‘bando do abatedouro’

Sérgio Luiz da Silva: conhecido como Da Russa, é apontado pela polícia como o chefe do tráfico no Morro da Barão. Teria participado do estupro coletivo e está foragido. Contra ele, há cinco mandados de prisão por associação e tráfico de drogas. Em 2014, foi condenado a 12 anos de prisão.
Sérgio Luiz da Silva, o Da Russa, proibia a filmagem de orgias regadas a álcool e drogas.

O baile funk do Morro da Barão, promovido pelo chefe da favela da Praça Seca, Sérgio Luiz da Silva Júnior, o Da Russa, sempre foi o chamariz perfeito para adolescentes até o “bando do abatedouro”, cujos integrantes são suspeitos do estupro coletivo de uma jovem de 16 anos, na semana passada, dentro da favela. Pelas redes sociais, membros da gangue falam sobre a orgia com mulheres, drogas e bebida alcoólica após as festas, nas quais o dono do morro proíbe filmagens. Mas os seus cúmplices acabaram levando suas vítimas até o local, conhecido como “abatedouro” e gravaram imagens. Foi graças aos compartilhamentos do vídeo do estupro coletivo em redes sociais que o caso veio à tona e a investigação teve início. Além de Sérgio Luiz, apontado como chefe do tráfico no Morro da Barão, fazem parte do grupo suspeito do crime , segundo a Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav), Raí de Souza, de 22 anos; Lucas Perdomo Duarte, de 20; Marcelo da Cruz Miranda Correa, de 18; Raphael Assis Duarte Belo, de 41; Michel Brasil da Silva, de 20; e Moisés Camilo de Lucena, de 28. Este último só foi identificado na terça-feira pela polícia.

Segundo a Dcav, Correa, Brasil e Lucena também teriam envolvimento com o tráfico. O grupo faz parte da facção mais antiga do Rio e é suspeito de promover guerras pela retomada de territórios, como a ocorrida há cerca de um mês no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho. Sérgio Luiz recebe as ordens diretas de Luiz Cláudio Machado, o Marreta, preso num presídio federal. Até a noite de segunda-feira, Raí e Lucas eram os únicos que estavam presos. Além de dizer que gostam de mulheres e de funk, como contaram em entrevista ao GLOBO, eles têm como paixão a prática de esportes. Raí estudou até o 1º ano do ensino médio e é lutador de muay thai. Ele conta que participa de um projeto social de esportes no Morro da Barão, que leva o nome de uma das principais ruas da Praça Seca.

— Há nove anos que sou lutador. Hoje dou aulas de muay thai para crianças e adultos na favela. Recebo uma ajuda de custo de R$ 800 por mês. Moro com a minha mãe e duas irmãs. Nunca iria estuprar ninguém. Minha família está triste, pois sabe que eu não seria capaz disso. Eu fiz sexo com ela (a jovem que sofreu estupro), mas foi porque ela quis — disse Raí, negando o estupro.

A mãe do lutador é doméstica e o pai, já morto, era comerciante. A família mora num apartamento simples, fora da favela, deixado pela avó. Foi Raí quem, no dia em que foi prestar seu primeiro depoimento à polícia, acenou e sorriu diante das câmeras de TV. Ele afirmou também que estava no local no momento da gravação, que teria sido feita por um traficante da área.

Lucas, conhecido como Petão, que segundo a vítima seria o namorado dela, é jogador de futebol do Boavista, de Saquarema, time da primeira divisão do Campeonato Carioca. Ele negou o namoro com ela. Eu nunca morei lá no morro. Fui para lá porque curto o baile. Fiquei com ela (a vítima) três vezes, e só. Essa história de que ela foi para a minha casa não é verdade. No dia dessa confusão, eu fiquei com uma amiga dela. Minha vida virou de cabeça para baixo. Minha carreira de jogador acabou — comentou ele.

Lucas estudou até a 5ª série. Sua mãe é dona de casa e o pai, motorista. A família é evangélica. Em sua rede social, Lucas cita passagens da Bíblia e posta fotos sem camisa, com cordões de ouro. Em fevereiro, postou a música “Os faixa (sic) preta do Marreta” e comentou: “Vem f. com a tropa do marreta”.

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