Acidente matou mãe e filho em Cananéia, no litoral de São Paulo.
Embarcação com 20 pessoas virou já na volta do passeio.
Barco Pérola Negra ficou danificado após acidente.
Os sobreviventes do naufrágio que matou mãe e filho afogados em Cananéia, no litoral de São Paulo, no último fim de semana, descreveram os momentos de tensão que viveram durante o acidente. Os turistas acusam o piloto da embarcação de não prestar socorro e cobram fiscalização da Marinha e da Guarda Costeira. Abalados com o episódio, eles deixaram o litoral paulista na tarde do último domingo (24).
Mulher e filho de quatro anos morreram durante naufrágio em SP.
Elaine Cristina Verne Curtale, de 41 anos, e o filho Davi Curtale, de quatro anos, ficaram presos na cabine do barco e morreram afogados. O barco Pérola Negra retornava de um passeio na Ilha do Cardoso, por volta das 17h, quando aconteceu o acidente.
Segundo o piloto Vanderlei Atanásio, que coordenava a embarcação, um dos passageiros levantou durante o passeio, bateu a cabeça no teto da lancha e quando voltou a sentar acabou pendendo o barco para um dos lados. "Quando ele voltou sentou do lado que já tinha outra pessoa próxima e o barco envergou. Não teve como voltar, porque pesou a lancha", explica.
Barco Pérola Negra foi levado para marina após acidente com turistas
Reclamação
No momento do acidente, a embarcação tinha 20 passageiros, segundo o piloto, número nada além do que a lancha comportava. Uma das turistas, no entanto, reclama que o "piloteiro" foi o primeiro a falar que o barco iria virar e pulou. "Chegou uma lancha, resgatou ele e levou para longe de nós. Ele só voltou de madrugada com a consciência pesada para buscar os corpos", disse a advogada Renata Arduini.
Advogada cobrou mais fiscalização das autoridades marítimas
A ajuda para resgatar o grupo só teria partido de pescadores locais que estavam com os barcos próximos. "Quando a embarcação virou ele foi covarde. Ele não mergulhou para ajudar a salvar as pessoas. Eu não sei nadar e mesmo assim mergulhei e ainda tentei ajudar. Depois vieram os outros pescadores", criticou o comerciante Daniel Botelho.
O piloto rebate as acusaões e diz, inclusive, que apesar da cena "dramática", jamais deixaria de ajudar. "Eu sai da lancha e começamos a salvar as crianças enquanto os barquinhos chegavam. Jamais abandonaria. Eu estava carregando todos para a praia e até na hora de voltar peguei os corpos e coloquei em outro barco. Trabalho há mais de 15 anos neste serviço e nunca aconteceu nada parecido. É dramático", lamentou.
Coletes
Sobre o uso dos coletes, os próprios turistas reconheceram que não costumam usar o equipamento e citam ainda que mãe e filho pareciam ter ficado enroscados no barco. "O colete deles [mãe e filho] estava atrapalhando. Ele estava debaixo [do barco] com a mãe, no colo. Eu não quis colocar colete, acho que foi um instinto para eu ficar livre", disse a advogada que conseguiu se salvar.
Piloto da embarcação lamentou acidente
O dono da embarcação, Julemar Cesar Duarte, diz que o barco tinha o número de coletes suficiente e todos estavam em local de fácil acesso. Apesar do equipamento ser de uso obrigatório, o piloto diz que "infelizmente não pode obrigado o turista a usar".
Fiscalização
O empresário Daniel Vicente Alves ficou com marcas no rosto ao bater a cabeça em uma das parte do barco. Ele lembra que após o acidente tirou a camiseta e acenou para outras lanchas pedindo ajuda. "Infelizmente perdemos duas pessoas. Muita gente olhando, barco, escuna e ninguém ajudou, somente os pescadores da região. Se não fossem eles tinham ido mais pessoas", disse.
Para a advogada Renanta Arduini, o episódio deve servir de alerta para uma fiscalização. "Precisa haver uma fiscalização, porque eles não instruem a gente a usar o colete salva-vidas. Apesar de termos consciência de que é necessário, nunca pensamos nisso. Era um grupo de amigos, o barco era novo, capacidade adequada, mas a marítima não estava aqui. Vem muito estudante e jovem fazer esse caminho por causa das reservas e é tudo sem proteção. Não pode ser assim, encostou o barco, você paga, vai e morre", questiona.
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