quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Trabalhadores do setor aéreo fazem protesto e atrasam voos

Paralisação atinge check-in e despacho de bagagens, além dos voos. Funcionários pedem reajuste de 11%, para reposição da inflação.

Os trabalhadores do setor aéreo fizeram protesto na manhã desta quarta-feira (3) em aeroportos brasileiros, causando atraso em voos. A paralisação, que durou duas horas, das 6h às 8h, incluiu os aeroviários, cujas atividades incluem check-in e despacho de bagagens, e os aeronautas, cuja categoria abrange pilotos e comissários de bordo.

Segundo dados da Infraero, que não incluem os aeroportos de Guarulhos (SP), Belo Horizonte (MG) e São Gonçalo do Amarante (RN), 405 voos domésticas atrasaram entre à 0h e às 8h desta quarta e 70 foram cancelados. Entre os voos internacionais, foram registrados 14 atrasos. Não houve cancelamentos.
Pilotos e comissários de voos fazem paralisação em Florianópolis 

As principais empresas aéreas anunciaram que liberarão a remarcação de passagens e farão o reembolso integral de bilhetes, após o anúncio de paralisação dos aeroviários e aeronautas.

Em nota, a TAM informou que, até as 6h30, a paralisação havia afetado aproximadamente 12 voos da companhia.

Situação nos estados
Paralisação começou às 6h em Florianópolis
Santa Catarina
Cerca de 150 aeronautas, entre pilotos e comissários de voo, fazem paralisação nesta quarta-feira no Aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis. O protesto começou às 6h e deve ir até 8h.

De acordo com o comandante Francisco Kern, diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), 18 voos foram remanejados pelas empresas em Santa Catarina.
Paralisação afeta voos no Salgado Filho

Rio Grande do Sul
Os aeroviários também realizam uma paralisação desde as 6h em Porto Alegre. A previsão é de que o ato siga até às 8h. Cinco decolagens e seis chegadas foram canceladas, de acordo com a Infraero.

Alguns voos previstos para sairem até 6h, do Aeroporto Salgado Filho não receberam autorização para decolar. Entretanto, passageiros que chegam ao terminal têm feito o check-in, mesmo sem garantia de que o voo sairá.
Manifestantes bloqueiam check-in do Aeroporto de Congonhas 
São Paulo
No aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos, perto das 6h30, dos 70 voos programados, um foi cancelado, uma decolagem estava com atraso acima de 30 minutos e dois pousos também estavam atrasados.

Trabalhadores também fazem paralisação no Aeroporto de Congonhas na Zona Sul de São Paulo. Nenhum dos sete voos previstos para decolagem partiu do aeroporto desde às 6h, quando o aeroporto abre.

A paralisação nacional dos profissionais do setor de aviação também afetou as decolagens no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP).

A informações de que passageiros que estavam na área de embarque tiveram que voltar. Até as 7h14, cinco voos haviam sido cancelados e que dez aeronaves estavam estacionadas no pátio de manobras.

Pelo menos um voo com destino a Ribeirão Preto (SP) foi cancelado até as 7h30. O voo cancelado era da companhia aérea TAM, que sairia do aeroporto de Congonhas, na capital paulista, com destino ao Leite Lopes às 6h35. Nenhum dos voos previstos para decolar partiu de Congonhas na manhã desta quarta.

Rio de Janeiro
Aeroviários protestavam na manhã desta quarta-feira nos aeroportos Santos Dumont, no Centro, e Tom Jobim (Galeão), na Ilha do Governador, no Rio. Como mostrou o Bom Dia Rio, os profissionais exibiam cartazes com referência a paralisação nacional da categoria.


Distrito Federal
No Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, por volta das 6h30, os dois primeiros voos da manhã, previstos para 6h20 e 6h45 para Galeão e Santos Dumont, já estavam atrasados. As companhias têm check-in aberto, mas em menor quantidade.
Pilotos e comissários fazem greve no Afonso Pena, em Curitiba

Paraná
Dezenas de aeroviários e aeronautas estão de braços cruzados para reivindicar melhorias para a categoria desde as 6h no Aeroporto Internacional de Curitiba, localizado em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana. Entre os serviços afetados estão check-in e despacho de bagagens. A paralisação dos funcionários abrange comissários e pilotos e está prevista para encerrar por volta das 8h.

Até as 6h40, sete voos estavam atrasados e três foram cancelados, segundo a Empresa Brasileira de Infra Estrutura Aeroportuária (Infraero). A orientação é para que os passageiros que já tinham voos programados, entrem em contatos com as empresas para remanejá-los.
Passageiros estão entrando na sala de embarque, mas não há previsão de normalização dos voos
após paralisação no Aeroporto dos Guararapes

Pernambuco
O Aeroporto Internacional dos Guararapes, no Recife, amanheceu com voos atrasados e cancelados por causa de uma paralisação.

Por volta das 6h20, pelo menos seis voos que chegariam no Recife estavam cancelados e quatro dos que sairiam do Aeroporto dos Guararapes estavam atrasados, segundo a Infraero. No aeroporto, passageiros estão entrando na sala de embarque, mas não há previsão de quando as viagens devem ser normalizadas.

Bahia
Pilotos, copilotos e comissários realizam uma paralisação das 6h às 8h desta quarta-feira (3), no Aeroporto Internacional de Salvador. Por volta das 6h15, os representantes da classe faziam uma manifestação no portão de embarque do terminal.

Sindicato espera adesão de 70%
Os trabalhadores pedem reajuste de 11%, para reposição da inflação no ano passado. Já as empresas do setor aéreo propõem que o aumento seja parcelado em duas vezes - 5,5% em fevereiro e 5,5% em junho, sem abranger o pagamento do valor retroativo à data-base da categoria, que é em 1º de dezembro.

Apenas as diárias nacionais, o vale-alimentação, vale-refeição e seguro de vida seriam reajustados de acordo com a índice da inflação e teriam a data-base respeitada, segundo o sindicato dos aeroviários.

Luiz da Rocha Cardoso Pará, presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA), espera que a adesão dos trabalhadores do setor chegue a 70%.

O Sindicato Naciona dos Aeronautas prevê que cerca de 300 voos sejam afetados. A entidade não considera que devam ocorrer cancelamentos, mas apenas atrasos.

Os sindicatos avaliam fazer novas paralisações caso não cheguem a um acordo com as empresas.

Reembolso
A TAM informou que os passageiros com voos domésticos agendados entre 6h e 18h ou voos internacionais entre 6h e 8h terão liberadas as taxas de remarcação e a diferença de tarifas para que antecipem seus voos ou posterguem sua viagem em até 15 dias a partir da data do voo original, mediante disponibilidade.

Aos passageiros com voos domésticos ou internacionais agendados entre 6h e 8h também está disponível o reembolso dos bilhetes, isento de multa.

O passageiro deve entrar em contato com a Central de Vendas (4002-5700 - capitais e 0300 570 5700 - todo o Brasil), ir a uma loja TAM nos aeroportos ou entrar em contato com a agência emissora de seu bilhete. Ultrapassada a data para remarcação e/ou fora das condições, o passageiro fica sujeito às condições normais de compra e utilização dos bilhetes.

A TAM esclarece que está tomando todas as ações possíveis para manter a segurança das suas operações.

A Gol também não cobrará taxas para remarcação de suas viagens e que concederá reembolso integral das passagens.

A empresa recomenda a clientes com viagens marcadas para esta quarta que entrem em contato com a Central de Atendimento, pelo telefone 0300 115 2121, para verificar a situação de seus voos. A companhia reforça que adotará todas as medidas para minimizar os possíveis impactos aos seus clientes.

A Avianca Brasil informou que clientes com reservas em voos programados na quarta-feira poderão remarcar suas viagens com isenção de taxas, mediante disponibilidade de assentos. A companhia está à disposição dos passageiros pelos seguintes telefones: 4004-4040 (São Paulo e principais capitais); ou 0300-789-8160 (demais localidades).

A empresa ressaltou que resguarda a segurança de todas as suas operações e que não medirá esforços para poupar os clientes de eventuais transtornos.

O G1 também entrou em contato com a Azul e aguarda posicionamento da empresa.

Posicionamento das aéreas
O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) informou que nos últimos 10 anos, as companhias aéreas promoveram, automaticamente, o reajuste dos salários na data-base de dezembro pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e que ao final das negociações foi concedido reajuste acima da inflação apurada, representando ganho real.

De acordo com o SNEA, desde o início das negociações com as representações sindicais, seis propostas foram apresentadas, mas todas foram recusadas.

A entidade alega que, de acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de 2011 a 2014 a aviação comercial acumula R$ 9,4 bilhões de prejuízo líquido. E de janeiro a setembro de 2015, o prejuízo já é de R$ 3,7 bilhões.

O SNEA ressaltou que as empresas aéreas estão tomando todas as medidas para preservar a viagem dos passageiros, não apenas nesta semana, mas também durante todo o Carnaval.

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