sexta-feira, 8 de julho de 2016

Após ser desautorizado por líderes, Maranhão exonera secretário-geral


Líderes anteciparam em 2 dias eleição marcada pelo presidente em exercício.

Silvio Avelino foi demitido por ter participado da reunião com lideranças. 
O presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), exonerou nesta sexta-feira (8) o secretário-geral da Mesa Diretora, Silvio Avelino, em retaliação ao fato de o subordinado ter participado, na véspera, da reunião na qual líderes partidários desautorizaram sua decisão de convocar para a próxima quinta (14) a eleição que escolherá o sucessor de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). No encontro, os líderes anteciparam para terça-feira (12) a definição do presidente para o mandato tampão. Afastado do comando da Câmara desde maio por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), Cunha renunciou à presidência da Casa nesta quinta (7) em um pronunciamento no Legislativo.

Com a oficialização da renúncia, Maranhão tinha até 5 sessões da Câmara para realizar a eleição do novo presidente. Poucas horas após o peemedebista deixar o cargo, o interino anunciou a votação para a próxima quinta.

No entanto, aliados do presidente da República em exercício, Michel Temer, queriam maior celeridade na escolha do substituto de Cunha e pressionaram para que a sessão de eleição fosse antecipada para terça.

O líder do PSD, Rogério Rosso (PSD-DF), queria que o pleito fosse realizado já na segunda-feira (11). Já o primeiro-secretário da Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), defendia que a eleição acontecesse na quarta (13).

Sem consultar Maranhão, as lideranças da Câmara se reuniram no final da tarde desta quinta e revogaram a decisão do presidente interino, remarcando para terça-feira a eleição.

Responsável pela condução dos trabalhos no plenário da Câmara, o secretário-geral da Mesa Diretora participou do encontro com os líderes. 

"Avisei que teria de participar [da reunião] na condição de secretário-geral da Mesa Diretora da Câmara. As decisões do colégio de líderes interfere nas decisões do plenário. Não teria como não participar de reunião convocada pelos líderes", justificou Avelino.

O agora ex-secretário da Mesa Diretora foi comunicado de sua demissão na manhã desta sexta, pessoalmente, pelo próprio Waldir Maranhão.

Avelino relatou que, ao informá-lo da exoneração, o presidente em exercício lhe disse que precisava do cargo.

"Ele [Maranhão] falou que a questão virou muito mais política do que técnica e que precisaria do cargo", disse Avelino.

O regimento interno da Câmara permite que o colégio de líderes da Câmara convoque sessões extraordinárias para, inclusive, realizar eleições para a presidência da Câmara. Para a votação ter início é necessária a presença de, pelo menos, 257 deputados.

Com a antecipação da eleição, os candidatos para a presidência da Câmara terão até as 12h de terça para formalizarem as candidaturas. Até o momento há, ao menos, oito potenciais candidatos, sendo sete de partidos aliados, o que pode gerar um racha na base do governo.


A sessão estava marcada para segunda-feira, mas foi adiada para terça pelo presidente do colegiado, Osmar Serraglio (PR-RS). Com a eleição para a presidência da Câmara marcada para o mesmo dia, a votação do parecer na CCJ poderá ser inviabilizada, uma vez que quando há votações no plenário principal da Casa todas as outras comissões não podem fazer deliberações.CCJ
Com a antecipação da eleição, o pleito vai acontecer no mesmo dia em que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) tem reunião marcada para votar o parecer de um recurso de Cunha. O parecer do deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF) recomenda que seja realizada uma nova votação processo que pede a cassação de Cunha no Conselho de Ética.

Manobra
A decisão do colégio de líderes irritou adversários de Eduardo Cunha que saíram da reunião dizendo que o agendamento da eleição para terça-feira foi “antirregimental”. Segundo Alessandro Molon (Rede-RJ), líder da Rede,a reunião poderia ter acontecido porque o requerimento de convocação foi assinado por líderes de partidos que não têm o número de deputados suficientes para convocar reunião do colégio de líderes.

“O colégio de líderes foi convocado sem a maioria absoluta [257 parlamentares] dos membros da Casa representados por seus líderes. Tem menos do que 257”, afirmou Molon.
O parlamentar disse também que a decisão do colégio de líderes é uma “manobra” para salvar o mandato de Cunha.

“Primeiro Cunha renuncia no dia de hoje. Em seguida, convoca-se o colégio de líderes para marcar a eleição de novo presidente da Câmara. O deputado Serraglio cancela a CCJ. E agora marcam a eleição antes da votação do parecer da CCJ. É evidente que se trata de uma manobra para salvar o mandato de Cunha e nós não vamos participar disso”, afirmou Molon.

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) disse que aliados de Cunha trabalharam para antecipar a eleição do novo presidente da Câmara para eleger um aliado de Cunha que possa interceder em favor do peemedebista.

“Eles querem antecipar a eleição para proteger o Eduardo Cunha, isso tem que ficar claro pra sociedade. Querem protege-lo não só na CCJ, mas também no plenário da Câmara”.

O líder do governo, André Moura (PSC-SE), no entanto, disse que a reunião do colégio de líderes aconteceu dentro das normas previstas pelo regimento da Câmara.

“Essa foi a posição da maioria dos líderes, que representam 280 deputados, está dentro do regimento da Casa. E agora é cumprir o que foi determinado pelos líderes [...] Não há nenhum tipo de interferência do governo nem no processo de cassação de Cunha, nem no processo de eleição de seu sucessor”, afirmou Moura.

De acordo com a Secretaria-Geral da Mesa, a decisão dos líderes de antecipar as eleições foi regimental.

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